quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Campanha Você Noel

http://liberdadedigital.com.br/2010/12/15/e-natal-blogueiros-na-campanha-voce-noel/

Ao ver o vídeo, me senti indagado a fazer duas coisas.
1- Participar da campanha
2- Escrever e compartilhar o texto abaixo

É impressionante a quantidade de pedidos que chegam as agencias de correios, manter esse sonho de criança vivo em meio ao mundo tecnológico que hoje vivemos não é uma tarefa tão fácil de ser percebida. Entender que existem milhões de crianças, dentro do Brasil que sonham com um natal com mais fartura na mesa, que sonham em não trabalhar pra ajudar no sustento de suas casas e que sonham principalmente em brincar, em crescer como crianças felizes e interativas não é por vezes fácil, para quem não está envolvido diretamente.

Semana passada, fui a festa de ABC, da minha filha, Janaina que tem seis anos colocou como sonho ser dançarina e quando se tornar adulta gostaria de ser médica. Mas minha filha tem os dois pais, avós e tios que a amam e que todo dia buscam dar as melhores condições de vida material e humana para ela. Sendo estudante de uma escola particular, algo que eu e a mãe dela nunca tivemos condições de arcar, minha primeira idéía era de que todos que ali estavam teriam sonhos e aspirações semelhantes a minha pequena.

Foi surpreendente pra mim, ver alguns sonhos e pedidos, como: "Gostaria de ver meus pais voltando a morar comigo"; "Gostaria de ganhar uma bicicleta", "Gostaria de ganhar uma boneca que anda", "Gostaria de ganhar a internet" (???), "Eu quero ganhar um computador" (4x). Pra mim foi bom repensar o que nós adultos estamos fazendo das nossas vidas, que objetivos traçamos e que metas temos, e como não nos preocupamos com objetivos e metas dos nossos próximos, ao desfragmentar nossas famílias "cobrimos um santo e descobrimos outros", na tentativa constante de buscar a melhoria para nós, cada um, de nós, individualmente.

Estes pedidos na frente do meu "preconceito social", são estranhos de serem vistos como sendo pedidos por crianças que estudam em escolas particulares, mesmo sendo uma escola de "bairro", mas uma mensalidade de R$ 85,00 não é uma mensalidade barata pra quem demonstra ter renda social baixa. Ainda dentro da minha visão "restrita" de mundo, isto implica em duas possibilidades, o entendimento que a educação com qualidade é que trará a essas crianças um futuro melhor o que sugere pais ligados a idéia de uma boa educação e de, muitas vezes, sacrifícios na estrutura econômica familiar para manter seu filho dentro das melhores possibilidades de estudo.

E uma outra idéia, de famílias que mesmo gozando de uma boa qualidade financeira, não dispõem de uma estrutura familiar suficientemente sólida para dar suporte ao crescimento e ânsias de seus filhos. Como "generalizar" "sempre" é um erro, acredito que se fosse possível investigar cada uma destas famílias, encontraríamos histórias de vida bem interessantes e que em parte explicariam como crianças que estão tendo uma educação regular particular, estão socialmente muito próximas as formas de vida de crianças que vivem sob o circulo vicioso da pobreza.

Este publico infantil, cheio de sonhos e refém da sua formação social familiar, ainda consegue sonhar, as vezes muito alto, com papai noel, coelhinho da páscoa e outras representações que nós adultos, não nos damos mais o direito de ter como sendo representações válidas nas nossas vidas. Esta falta de sonhos, esta vida prática e rápida que a humanidade contempla e admira hoje, tem essa faceta de esmagar sonhos e impedir que se consiga retirar os travamentos individualistas de nossa vida.

Ao mesmo tempo que socializamos produções e a discutimos via Twitter, Facebook, Orkut, não vemos nossos interlocutores e não levamos esse conteúdo para discutir em casa, porque não convivemos com as pessoas da nossa casa, mas apenas as vemos, não é difícil de se encontrar casais que conversam muito mais pela internet ou pelo telefone do que quando estão em casa. Ou de encontrar bons textos que produzidos para as mídias digitais não são postos a vista de quem está excluido do circuito das redes sociais digitais.

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